9 de set. de 2009

As Vítimas Algozes- Joaquim Manuel de Macedo



No livro As Vítimas Algozes, Joaquim Manuel de Macedo expõe a concepção de que a prática escravista gera vítimas-algozes e tal prática deve ser abolida, sem que os proprietários de terras sejam lesados. O livro é abordado de forma conservante e por meio de seus personagens escravos, o autor corrobora a idéia de que a escravidão gera seres oprimidos socialmente. Porém o autor não justifica o ato da abolição como um gesto humanitário, Joaquim Manuel de Macedo defende a tese de que os escravos precisam ser libertados, pois há o risco destes seres cativos introduzirem a “corrupção física e moral” nas imaculadas famílias brancas.
Neste sentido, entende-se que Joaquim Manoel Macedo é contra escravidão, não por reconhecer os direitos do negro, mas porque no contexto histórico, o negro escravo representava uma ameaça ao senhor. Ainda com as manifestações de revolta, os negros passam de vítima para situação de algoz, carrasco, ameaça, e por isso a escravidão teria que terminar.
O livro, pertencente ao Romantismo, mas trata-se de uma narrativa um tanto peculiar na Literatura Brasileira, pois mescla traços do Romantismo e do Naturalismo. Percebe-se também que as preocupações de Macedo não refletem diretamente suas referências históricas e sociais. A obra constata um universo de interesses que comprometem a noção de igualdade e justiça, questões que fazem parte de seu tempo, assim como do nosso. Entretanto Macedo insere em sua narrativa a discussão sobre a necessidade da busca da liberdade individual e sugere que a liberdade coletiva é imprescindível.
A obra é composta por três histórias: Simeão – o crioulo, Pai-Raiol – o feiticeiro e Lucinda – a mucama. Para comprovar sua tese, o autor utiliza descrições intensas e de uma galeria de tipos negros comuns à realidade dos Senhores de Escravos. Tais alegorias consistem na representação de seres como, por exemplo, o negrinho ingrato, o negro feiticeiro, os negros vagabundos, o escravo traiçoeiro, a mucama lasciva, escrava assassina... e muitos outros exemplos que procuram comprovar a presença do negro como uma ameaça dentro da casa-grande. As Vítimas Algozes pode ser encarada como uma representação do Brasil pós-abolicionista. O objetivo político das três histórias que compõem o livro está claro desde a nota inicial aos leitores. O autor confessa narrar apenas histórias verdadeiras, fazendo com que a população abastada seja convencida por seus argumentos.
Macedo menciona fatos internacionais como a guerra civil americana e o violento processo de emancipação em Cuba. Afirmando, assim, que a escravidão é o cancro social e que uma rápida intervenção seria imprescindível, pois o país poderia ter de enfrentar a emancipação imediata e absoluta dos escravos, provocando a desordem no país, o que culminaria em prejuízo para os grandes senhores. Neste contexto percebe-se que a leitura da obra é essencial para a compreensão de um dos mais importantes períodos da História do Brasil.
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